quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre independência e liberdade...

José Eduardo dos Santos - o ditador africano mais antigo
Angola é a efectiva prova de que reclamar independência e autodeterminação não é sinónimo de reclamar direitos e liberdades - colectivas ou individuais.

O país da África Sub-Sariana NUNCA sentiu sequer o cheiro da democracia. Nem sequer antes da chegada de Diogo Cão (séc. XV) e da colonização portuguesa, quando dominava a estrutura tribal e o nomadismo.

Em 1975 é proclamada a independência pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

De um dia para o outro, Angola passa de cinco séculos de dependência política, económica e administrativa para a plena e total independência.

Mais uma vez - independência não é liberdade.

O ditador (o conceito de presidente implica a existência de uma república, e a existência de uma república implica limitação de mandato e ELEIÇÕES COMO DEVE "DE" SER) José Eduardo dos Santos permanece no poder desde 1979 - mais de três décadas.

As primeiras eleições em Angola foram em 1992. O senhor é tão "popular" que sai sempre vencedor dos actos (pseudo)eleitorais.

Enfim... Será que os angolanos não têm respeito pelos seus, que morreram na Guerra Colonial? Ou será que a motivação da guerra, cujo primeiro tiro foi de armas angolanas (ou Russas, sei lá...), era mudar a cor do ditador?

Foram vinte e sete anos de guerra civil - já os retornados estavam em Portugal - sob égide deste senhor.

A questão da independência dos países é muito simples. Equipara-se à abolição da escravatura.

O escravo, indivíduo privado de direitos e de posse da própria vida, constitui uma mercadoria, um objecto.

Sendo privado da sua liberdade, quem gere e garante as suas necessidades básicas - comida, dormida, vestuário... - é o proprietário.

Quando nos EUA consagram em 1863 a abolição da escravatura, o homem que era privado de ser dono do seu próprio destino passa a um estatuto de liberdade desamparada. Tratou-se da causa de morte de muitos - o facto de não saberem para onde ir nem o que fazer ou como o fazer. Não houve, portanto, uma sensibilidade de criar mecanismos de transição ou de instrução dessa massa de mercadorias que passou a ser cidadãos com direitos.

O mesmo sucedeu com a independência de muitos países, nomeadamente Angola. A independência pura e simples tratou-se de um erro. Não para os portugueses mas sim para os angolanos. Não houve um período transitório, em que portugueses e angolanos construíssem a democracia.

Não será contraproducente lutar contra uma ditadura para implantar outra!? É que morreu muita gente dos dois lados só para isso... Esforços em vão "é comó outro"... Vidas humanas NÃO!

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