quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre Sócrates...

"Amor ou Ódio - ambos me favorecem:
Se me amarem, estarei sempre no vosso coração;
Se me odiarem, estarei sempre na vossa mente" - W. Shakespeare
Opiniões políticas à parte, dado que cada um tem a sua, umas mais bem formadas que outras, a entrevista de Sócrates foi ontem vista por 1,6 milhões de espectadores.

Shakespeare, ou Edward de Vere, tem uma citação plenamente aplicável à situação.

Independentemente de aqueles milhões de pessoas não serem todos admiradores da anterior Legislatura, o facto de se terem interessado no que José Sócrates tem para dizer, após este tempo de clausura perante a actividade política, é um indicador que a muito pouco variadas conclusões faz chegar.

É gente que ou o odeia ou que o ama...

Diga-se o que se disser, TODAS as afirmações, pelo próprio proferidas naquela intervenção, têm fundamento de verdade.

Advice:

Não ponham críticos de moda - ou pseudo-críticos de moda - a fazer crítica política...

Característica fundamental na crítica de moda: Parcialidade
Característica fundamental na crítica política: Imparcialidade


quarta-feira, 27 de março de 2013

Sobre a "insegurança" de Seguro...



Moção de censura [Portugal]: mecanismo político de controlo da acção governativa por parte do parlamento, que em caso de aprovação implica a queda do governo.

No melhor timing que podia ser [coff... coff...], o líder do maior partido da oposição resolve anunciar uma moção de censura. E será que a "queda do governo" é o único objectivo de Seguro e da sua facção dentro do PS?

Veja-se a cronologia



27 de Março de 2013 - PS redige Moção de Censura

Não é preciso ser-se historiador para perceber que há aqui uma relação qualquer... Conjunturas e afins...

O que António José Seguro está a fazer não é mais que causar instabilidade política, com possível queda do governo, com grandes motivações de orgulho pessoal.

Essa instabilidade política causará maiores agravos à credibilidade que este país tem perante o exterior que, diga-se desde já, como todos sabem, já não é grande coisa.

Não querendo servir de Advogado do Diabo, pois este governo nasce de uma semelhante situação (instabilidade política com resultados catastróficos para a economia e juros da dívida pública [um país instável politicamente é sempre visto como um mau pagador - e os juros lá sobem]), caro António José Seguro - não seria melhor esperar que José Sócrates descascasse primeiro um bocadinho no governo PSD, para se fazer depois uma moção de censura?

Ou há aí medo de sombra?

Ou quer provar alguma coisa?

Leia lá um bocadinho de SunTsu e recomende aos Jotinhas, como V. Exa., que se aprende mais de acção política com a leitura de livros como "Arte da Guerra" que com andar a abanar bandeiras e a colar cartazes, atrás de candidatos que mal conhecem...

Lá está... O PS é literalmente um "partido"... E muito "partido" que ele está...


sábado, 23 de março de 2013

Sobre "experiência política"...

Já no século onde nem as fraldas nem os políticos...
...se descartavam tão facilmente...
se dizia...
Em linguagem formal...

Experiência política é uma característica invocada pelos detentores do poder, de mandato, ou coisa alguma, para muito pouco democraticamente, mas com ausência formal de tom autoritário ou segregacionista, se ser destrutivo, perante os que, apesar de com o mesmo direito constitucionalmente consagrado, pretendem exercer sufrágio passivo.

No mundo laboral ocorre exactamente o mesmo: os indivíduos, muitas vezes após uma longa/brilhante/dispendiosa carreira académica, apresentam-se às entidades patronais, com propostas inovadoras ou apenas com intuito de colaborar com a realidade já existente, com vista a exercer uma função, a troco de justa contrapartida, que permita sustentação financeira e económica. No entanto, é imediatamente referido que os dictos indivíduos carecem de "experiência profissional".

Como poderiam eles ter "experiência profissional" se não lhes foi dada oportunidade para a adquirir?

Em brejeirice...

Quer dizer - na lei está a dizer que um gajo pode eleger ou ser eleito e há uma cambada de camelos de dupla bossa que dizem "ah e tal...mas que experiência política é que ele tem?"

Faz lembrar quando os patrões dizem "Opá tu não podes trabalhar aqui - não tens experiência!"... Como é que um gajo pode ter experiência se nunca trabalhou na vida e acaba de sair da escola!?

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Experiência política é diferente de caciquismo...

Quantos políticos têm "Ciência Política" no Curriculum?

"Ah... Mas para se eleger ou ser eleito não é preciso ter frequentado uma Universidade"

- Mas "experiência política" já é?

Tentemos definir nas nossas cabeças o conceito...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre Japão 日本について (Nihon ni tsuite)




The Samurai and the Monk


A big, tough samurai once went to see a little monk. "Monk," he said, in a voice accustomed to instant obedience, "Teach me about Heaven and Hell!"



The monk looked up at this mighty warrior and replied with utterdisdain - "Teach you about Heaven and Hell? I couldn't teach you about anything. You're dirty. You smell. Your blade is rusty. You're a disgrace, an embarrassment to the samurai class. Get out of my sight. I can't stand you."

The samurai was furious. He shook, got all red in the face, was speechless with rage. He pulled out his sword and raised it above him, preparing to slay the monk.

"That's Hell..." said the monk softly.

The samurai was overwhelmed. The compassion and surrender of this little man who had offered his life to give this teaching to show him Hell! He slowly put down his sword, filled with gratitude, and suddenly peaceful.

"And that's Heaven," said the monk softly.

author unknown

sábado, 16 de março de 2013

Sobre perfeição...


Realmente há gente que busca a perfeição... A questão é - qual a utilidade da perfeição?

Eu sou a pessoa mais imperfeita que existe, de facto - e de jure...

Mas também assim é a peça do puzzle.

A fábula da perfeição [da minha autoria]

Certo dia, o quadrado e a peça de puzzle, durante uma caminhada pelos jardins da geometria, onde as copas das árvores eram trapézios e os frutos triângulos, o quadrado interpela:

- Tu não pertences aqui... Este é o mundo da perfeição... Todos somos rectilíneos... Até a circunferência, de ângulos ausentes, é simétrica e perfeita.

Depressa se espalhou a ideia, e todas as peças de puzzle foram expulsas dos jardins da geometria e do mundo da dita perfeição.

A peça de puzzle, tristonha, caminhou no vácuo - sem destino, sem objectivos, sem motivo para viver...

A pouco e pouco, a peça de puzzle foi encontrando suas semelhantes, também exiladas.

- O que fazes? Para onde vais? - pergunta uma delas
- Não sei... - responde a outra
- Posso ir contigo?
- Vamos!

E abraçaram-se.

As duas peças encontraram outras,

E outras e outras...

E à medida que se foram juntando e complementando, foram crescendo em conjunto, fazendo sombra aos jardins da geometria.

Os quadrados, os triângulos, as circunferências tentaram superar, no entanto, à medida que iam subindo, iam caindo - não encaixavam, não se seguravam.

O puzzle foi tomando forma. À medida que crescia, as peças foram percebendo o seu destino, os seus objectivos, o seu motivo para viver - o seu próprio sentido de perfeição...

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Mas isto para dizer o quê, curto e grosso:

- A peça de puzzle pode até nem ser perfeita, mas ao menos encaixa...

Peça de puzzle, com muito gosto... 


quinta-feira, 14 de março de 2013

Sobre o Papa do "fim do mundo"...


"Quem nunca pecou, atire a primeira pedra (...)" Jo 8: 1-11

Já chovem críticas ao senhor, só porque disse num tom de humor que "os Senhores cardeais foram-me buscar lá para os lados do fim do mundo".

Pelos vistos também já há críticas acerca do seu passado.

Mas não é o futuro que importa? Não são as ligações que daqui podem surgir mais importantes que as divisões?

Escolheu o nome Francisco I, é jesuíta, tem sentido de humor e inclinou-se perante o povo, antes que o povo perante ele se inclinasse para receber a bênção - inédito.

A Igreja tem agora o seu Cristo para expulsar os "vendilhões do templo". Esperemos que com sucesso.

terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre as minhas gargalhadas quando se diz que o Papa devia ser americano ou africano...

"Ouçam meus amados irmãos: não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do Mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que Ele prometeu aos que o amam?" Tiago 2:5

... com a justificação de que aí estão a MAIORIA dos católicos.

Qual é a lógica se esses mesmos católicos não se pronunciam sobre a escolha do Pontífice?

O Papa de facto surge de uma eleição - no entanto é escolhido por uma minoria de católicos que também eles não gozam de legitimidade democrática.

Eu não estou com isto a dizer que a Igreja se deve ou não democratizar. Por minha vontade o Papa era sempre italiano e as Missas todas em latim [...NOT].

Estou a dizer que o argumento não é válido ou é tão válido como a Santa Sé ser noutro local que não no Vaticano [ou Roma].

Porque é que o centro do catolicismo é em Roma? Porque de facto era o centro do mundo na altura...

Há uma tradição a ser respeitada não há? Então que a seja também na escolha do Bispo de Roma...

Quando forem os cristãos católicos a eleger o Papa, fará todo o sentido justificar a existência de um Papa africano, americano, asiático etc. por via da maioria.

Mas se a coisa se processa tão tradicionalmente e tão rigidamente - qual é o sentido de se dizer que o próximo Papa devia ser africano ou sul-americano porque é nestas regiões que se concentra A MAIORIA dos católicos?

Não tentemos justificar o injustificável nem democratizar o "indemocratizável"...

Se disserem: "O Papa deve ser de OUTRA REGIÃO que não da Europa para que os representantes da Igreja demonstrem que não são alérgicos a renovação" é plenamente válido e CONCORDO DE ALTO A BAIXO.

My opinion, livre de qualquer preconceito, xenofobia ou racismo...


domingo, 10 de março de 2013

Sobre a "imparcialidade" do Chefe de Estado...

Ai tanto Cavaco prá lareira...
Só tenho a dizer que não existe*...

*[Cientificamente comprovado por estudos elaborados com sustentação em provas credíveis]

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sobre "dividir para conquistar"...


"Barboseon Meloparte"
Per Graça da divisão da Esquerda, Imperador de Coimbra

Eu confesso que acho que o Dr. Barbosa de Melo, Presidente da Câmara de Coimbra, tem imensa sorte.

Não se lhe retire qualquer mérito - não sendo eu a melhor pessoa para avaliar ou reprovar.

"Ganhou" a Câmara sem ir a eleições, com o abandono do Dr. Encarnação, e agora parece que ir a eleições é apenas uma formalidade.

Parece que as circunstâncias irão entregar a vitória, "de bandeja", ao candidato apoiado pelo Partido Social-Democrata.

Ainda é cedo para prever seja o que for. No entanto, o Partido Socialista tem vindo a marcar pontos muito negativos na esfera política.

Depois do "incidente" na Assembleia Municipal, que pôs em causa a professora da quarta-classe de alguém, parece que um tal movimento "Cidadãos por Coimbra", inicialmente dito "independente" (palavra forte...quase como "amor"... devendo ser utilizada APENAS em caso de veracidade da afirmação), mas agora apoiado pelo Bloco de Esquerda, está a ser sustentado por seitas do Partido Socialista - possivelmente gente "mal amada" ou, como se diz na nomenclatura da Máfia, "alguém que nos esquecemos de pôr na lista de pagamentos". Isto sou eu a divagar/dissertar ("acertar" - sei lá)...

Enfim... Penso que o melhor slogan da campanha do Dr. Barbosa de Melo será "Matai-vos uns aos outros que eu vencerei".

Sim... já sei que sou "politicamente incorrecto"...


Sobre Carolina Beatriz Ângelo...

Carolina Beatriz Ângelo (1878 - 1911)

«Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo partido republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral» 
 
Sentença do juiz João Baptista de Castro ao recurso apresentado em tribunal por Carolina Ângelo


Mulher, médica, ginecologista, primeira mulher a votar no país...

Por incrível que pareça, no mesmo ano em que morreu, votou nas eleições para a Assembleia Constituinte, que iria lavrar a lei fundamental da I República Portuguesa.

De facto a Lei Eleitoral, alterada depois do "incidente", reportava-se apenas a maiores de idade, letrados e chefes de família. Isto permitiu que esta grande senhora, que teve o desplante de levar as suas convicções até "às últimas", tivesse direito de escolha sobre os HOMENS que iriam decidir o futuro deste país.

Lembremos a sua memória, hoje que é o Dia Internacional da Mulher, e também o espírito de todas aquelas que lutam por um futuro melhor, das gerações vindouras, com o dobro da energia de muitos homens.

Longa vida ao SUFRÁGIO UNIVERSAL...

in O Século - 5 de Junho de 1911

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sobre o déspota que morreu...



A morte de Chávez é a prova de que o poder autoritário não prevalece diante do tempo. O poder não o livrou da doença - paz à sua alma.

Embora tenha o maior respeito pelos doentes oncológicos, penso que a este acontecimento sucederá uma Primavera democrática nos países sul-americanos. Esperemos que mais proveitosa que aquela situação no Norte de África, em que à queda dos regimes autoritários sucederam fracas democracias ou governos provisórios sem suficiente afirmação.

Ainda assim a Venezuela sempre tem uma expectativa democrática maior, primordialmente por dois motivos: os valores religiosos não se imiscuirão na política e existirão eleições no período máximo de 30 dias, apesar de a Hugo Chávez ter sucedido aquele que a Imprensa chama o "herdeiro político".

Em Cuba, a um ditador sucede o seu irmão. Sem quaisquer eleições. "Cuba Libre"... Só o cocktail...

Esperemos que a morte do líder da Revolução Bolivariana seja o preço a pagar pela democratização do país.

Cuba Libre


terça-feira, 5 de março de 2013

Sobre petróleo e Direitos Humanos...

Organização dos Países Exportadores de Petróleo

É tão curioso. Um dos maiores países da OPEP - a Arábia Saudita - vai assassinar sete jovens.

Pode parecer estranho o meu recurso à terminologia "assassinar". Nos jornais realmente vem "Execução" e "Condenados à Morte".

Contudo - a Arábia Saudita não tem nenhum código penal. A única orientação dos "juízes" são umas directrizes morais, do tempo em que muçulmanos e cristãos guerreavam com objectos cortantes - a.k.a. Idade Média. E até há uma crucificação pelo meio. Tudo isto, claro, em praça pública.

Poderemos chamar "execução" ou "condenados"? Ou mesmo dizer que há "juízes" ou "julgamento"?

Ora bem - trata-se de um país que é membro de uma organização que literalmente tem nas mãos grande parte do controlo da economia mundial e que pelos vistos aquele até tenciona investir grandemente em Portugal.

Vamos agora adicionar outro ingrediente, também ele de igual modo com respeito pelos seres humanos - "República Popular" da China.

Este estado - desconhecedor da democracia - nacionalizou* 21,35% das nossas "contas da luz". Nada contra. Se estava à venda, os únicos com dinheiro para comprar são eles.

Ou seja, temos à frente dos destinos da economia mundial os países que menos valorizam as vidas humanas.

Depois queixem-se da conjuntura e das moedas demasiado fortes ou demasiado fracas.

Enquanto o factor "dignidade humana" não for inserido na economia, com o mesmo valor que as Bolsas de Valores ou os Bancos, o único progresso vai ser feito na direcção do retrocesso.

*"Nacionalizou" - isto porque foi o estado chinês que comprou (dado que...regime "comunista"... empresas privadas não as "háias")


domingo, 3 de março de 2013

Sobre manifestações...


Hoje perguntaram-me se ontem fui à "Manifestação".

O que eu imediatamente respondi é que já me manifesto que chegue, de quatro em quatro anos ou de cinco em cinco - e às vezes até mais cedo.

É uma "Manifestação" à qual os portugueses dão muito pouco valor. Talvez porque não seja permitido o frenesim de andar com cartazes.

Não estou a dizer que as manifestações com frenesim não sejam legítimas. Contudo, veja-se que a taxa de abstenção nas últimas Legislativas (2011) foi de exactamente 41,93% - o que significa que em dia de eleições, um tipo de manifestação sem frenesim e com EFEITOS PRÁTICOS, 4.035.539 de portugueses com direito a escolher os seus representantes no órgão que faz e aprova as leis, ficaram "em casa".

As pessoas insistem em soprar contra a parede, à espera que ela caia. Ou gritar para uma porta fechada, aguardando que se abra.

Que resultados práticos têm este tipo de louváveis iniciativas? As manifestações, as greves de autocarros...

Os políticos até têm motorista. Alguns deles mais do que um.

Isto para dizer o quê, na minha solene e arrogante opinião? 

R.: Se querem matar - matem, se querem esfolar - esfolem. É preferível cão que morde do que cão que ladra.

Mas podem "matar" e "esfolar" por via de eleições. Para isso é necessário saber fazer um X. Ou ainda que não saibam a resposta correcta a essa escolha múltipla - se é que existe - a simples ida às Urnas já é um voto - na democracia e no que ela representa.

Essa coisa do "bota a baixo e mete lá outro" nunca resultou bem. Veja-se Cuba, Angola, China... etc. etc. etc.

E atentem no seguinte: a mesma máquina que cortou a cabeça de Luís XVI, cortou a de Robespierre...